quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ciclo

      Começa devagarinho, preguiçoso, como um broto que sai da terra, tímido e pequenino. Vai criando seu espaço, vai se mostrando. Então vem forte, tal qual uma enxurrada. Manifesta-se em diversas formas. É tanto que até se perde, desperdiça, não dá conta. Vem de todos os lados, de qualquer sinal, qualquer partícula de qualquer coisa insignificantemente inspiradora. Quer sair, aparecer: "ei, estou aqui!" Cresce num movimento rápido e intenso, mal pode conter-se. Cresce, cresce, cresce... e estagna. Então, o ritmo diminui. Às vezes lentamente, às vezes de repente. Vai diminuindo, diminuindo... e para. Como se atingisse o clímax e precisasse descansar. Os poucos resquícios agora dormem profundamente. Quase-morte. De onde vinham antes, não mais vêm. Tudo é nada.  Nem mais um traço, um estalo, uma faísca. Nada, nada.